5 dicas para tomar boas decisões
Vira e mexe precisamos solucionar questões que podem abalam seriamente nossa vida. “Aceito a promoção que me obrigará a morar um tempo em outro país?” Ou: “Uso o dinheiro poupado para dar logo entrada na casa própria ou para fazer uma festa de casamento dos sonhos?” Nessas horas, o medo, a hesitação e até a pressa podem levar a decisões ruins. Em A Arte de Pensar Claramente (Objetiva), lançado em julho, o suíço Rolf Dobelli investiga os mecanismos que induzem ao erro e nos dá pistas de como desatar com sabedoria os grandes nós que surgem. Mas ele ressalta que nenhuma decisão pode ser considerada perfeita. “É até um paradoxo. Com a quantidade de opções que temos hoje, é impossível que exista apenas uma boa saída”, diz. Compreender isso ajuda a diminuir a pressão e nos libera para refletir com mais imparcialidade e sabedoria.
A boa notícia é que, uma vez solucionado um dilema, a sensação é deliciosa. “Ao ativarmos a área do cérebro responsável por essa tarefa, liberamos endorfina, que alivia o stress”, explica ocoach Shirzad Chamine, professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e autor de Inteligência Positiva (Fontanar). Para o psicólogo Hélio Deliberador, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), chegar a boas decisões depende um pouco de treino. “É um exercício que vai sendo aprimorado com a maturidade.” A seguir, os três especialistas dão suas dicas.
1. MANTENHA OS PÉS NO CHÃO
Ser realista ao tomar uma decisão reduz drasticamente o risco de se frustrar depois. “Encare a situação sem construir grandes expectativas, mas também sem ser pessimista”, diz Rolf Dobelli. Isso quer dizer que não é para ir em direção nem do oito nem do 80, pois é preciso manter o equilíbrio. Ao refletir, tome como base sua trajetória, considerando o que deu certo e o que deu errado. Para Dobelli, o fracasso tem mais a nos ensinar do que a vitória. Com os escorregões, aprendemos o que evitar. Mas ser racional não significa banir as emoções. Chamine avisa que elas contribuem para saber o que fazer, em especial quando há afetos envolvidos, como no dilema ter filho ou comprar uma casa. “Levar em conta o que diz a intuição é positivo se ela for combinada a fatos e números”, acrescenta. E autoconhecimento é essencial. “Se você sabe quem é, o risco de cair nas ciladas do pensamento é menor”, resume Deliberador.
2. TOME CUIDADO COM AS OPINIÕES ALHEIAS
Quando estamos com o peso de uma decisão importante nas costas, é comum recorrermos a amigos e familiares para conversar. Ok: só compartilhar a questão já significa dividir o fardo da decisão, tornando-a mais fácil. Mas o ideal é ficar nisso. Deixar-se influenciar pelas opiniões dos outros não costuma ajudar muito – e pode até atrapalhar. “A pessoa às vezes está vivendo um momento diferente do seu e leva em consideração fatores que não estão de acordo com suas necessidades”, afirma Deliberador. No fim, tomar uma decisão é algo muito pessoal. Portanto, o mais sábio é enfrentar a situação de maneira solitária. Se não resistir a buscar conselhos, procure filtrar o que ouve. “E recomendo dar atenção só a quem emite opinião depois de questionado sobre o assunto. Nesse caso, a tendência é elaborar comentários substanciosos e práticos, diferentes dos palpites aleatórios e sem sentido do dia a dia”, acredita Dobelli.
3. NÃO SE PRENDA AO PASSADO
Em geral, não enxergamos um acontecimento como um episódio isolado. Normalmente, o avaliamos sob o prisma de um longo histórico de ações e reações já vividas. Ao tomar decisões, isso pode atrapalhar. Por exemplo, uma mulher enfrenta uma séria crise em seu casamento há algum tempo e, quando está decidida a encerrá-lo, fica pensando se não é desperdício jogar fora dez anos de relação. Se for para ser mais feliz nos dez anos seguintes, por que não? Do mesmo modo, na carreira, não é raro uma pessoa rejeitar uma oferta e tanto de emprego porque dedicou anos e anos à empresa em que está. Ambos os casos são ciladas do pensamento. “Uma análise com essa lógica acrescenta culpa à equação, o que é uma forma de a gente se proteger do medo de romper com uma situação estável”, explica Rolf Dobelli. Para não cair na armadilha, experimente julgar isoladamente seu dilema, com foco só no hoje, sem deixar que nada do passado interfira.
4. RESPEITE O TEMPO CERTO
Não há como determinar um tempo mínimo ou máximo para tomar uma decisão. O ideal varia de pessoa para pessoa, mas os experts concordam que dois dias são suficientes para cumprir todo o trajeto da boa decisão. “O processo deve começar com muita pesquisa. Depois, de posse de informações, é que você está apta a refletir e chegar à melhor resolução”, defende Shirzad Chamine. Na hora H, ele indica se sentar em um local silencioso para ajudar a se concentrar. As respostas que surgirem ali costumam ser confiáveis. Para Dobelli, dormir ajuda. “No sono, o subconsciente reavalia a questão e nos dá dicas. Ao acordar, com a cabeça fresca e o dilema duplamente analisado, você está apta a tomar uma decisão final.”
5. AVALIE OS RISCOS
Quando falamos em escolhas conscientes, isso significa que todas as possíveis consequências da opção selecionada devem ser avaliadas. “A pessoa madura fica com o caminho que trará mais benefícios e causará menos estragos”, resume Deliberador. Para que o processo seja eficiente, especialistas indicam fazer listas e cálculos em planilhas. Segundo Dobelli, colocar à prova a decisão quase tomada também contribui para confirmar se ela é a mais adequada. “A ideia é fazer o papel de advogado do diabo, questionando a teoria para se certificar de que não há brechas.” Nesse caso, o expert sugere até chamar alguém próximo para apresentar mais argumentos e ajudar a ver os vários aspectos da solução encontrada.
Fonte: Portal M de Mulher – http://mdemulher.abril.com.br/